Iniciando o Ano Letivo: vamos conhecer nossos alunos
Educar um aluno, desconhecendo o seu modo peculiar de ser, seu individualismo, sua personalidade, significa não só ser incapaz de contribuir para o seu desenvolvimento, como pode, por vezes, distorcer o seu crescimento, matando o gérmen de inúmeras capacidades e qualidades que poderiam ser cultivadas.
Todo aluno tem suas características pessoais, sua história de vida, seu ambiente familiar e social, que devem ser conhecidos, respeitados e compreendidos.
Compreender cada aluno, aceitá-lo tal como ele é, com suas qualidades e seus defeitos, ajudá-lo a vencer suas dificuldades, a adaptar-se ao seu grupo, a crescer e amadurecer: tudo isso, feito com firmeza, conhecimento, carinho e paciência, é o papel primordial do professor.
Mas o professor não é um psicólogo, não tem preparação técnica para interpretar a personalidade de cada aluno. Além disso, tem diante de si uma classe numerosa, uma programação extensa a ser cumprida durante o ano. Como conciliar essas dificuldades? Como realizar, na prática, esses conceitos básicos tão conhecidos de todos nós? Os contatos constantes com os pais e a observação do aluno durante o ano são os meios mais eficazes para atingir essa meta.
O contato constante entre pais e escola é muito necessário.
Reuniões de pais, entrevistas pessoais, festas escolares, palestras e boletins informativos sobre o rendimento escolar e a conduta da criança são os meios mais utilizados para manter vivo esse relacionamento entre pais e professores.
O professor terá a oportunidade de conhecer os pais, suas atitudes, seus valores na vida, seus desejos, seu relacionamento com os filhos e compreenderá, então, muitas das reações das crianças, fruto dessas atitudes e desses valores.
Esse contato, sem dúvida alguma, enriquece muito a oportunidade educacional da criança.
Mas lembremo-nos de que, se, de um lado, o professor tem seu tempo material limitado, também os pais têm suas ocupações e obrigações. Para eles, vir à escola é um esforço que deve ser recompensado.
Planejar, portanto, o número de reuniões, entrevistas e palestras para o ano todo, procurando equilibrá-las — para não sobrecarregar o professor; para não solicitar em demasia os pais —, é essencial.
Vamos planejar a programação anual e preparar detalhadamente cada entrevista, cada reunião, aproveitando ao máximo as oportunidades desses encontros.
A título de sugestão, faremos uma programação para as reuniões durante o ano escolar.
1. ENTREVISTA INICIAL COM OS PAIS
Deve ser realizada logo no início das aulas.
Não dê aconselhamentos, pois você não conhece os pais, não conhece a criança. Procure fazer o levantamento de necessidades, através da coleta de dados.
Dê, isso sim, oportunidade aos pais, para que falem de seus filhos, para que conheçam você, o professor do seu filho. Dê-lhes a segurança de que poderão confiar a você essa criança, criada com tanto amor e tanta dedicação! É isso o que eles esperam e do que precisam!
Faça um roteiro para essa entrevista, mas não o preencha durante a mesma, pois isso lhe dá um caráter puramente técnico.
Através de uma conversa informal, mas bem orientada, você poderá facilmente obter todas as informações que lhe interessam, como a constituição familiar do aluno, seu nível socioeconômico, as atitudes educacionais dos pais, os problemas da criança.
Registre o que foi possível obter nessa primeira entrevista e vá, aos poucos, anexando outros dados posteriores. Tenha uma pasta para cada criança e não deixe de escrever toda e qualquer observação, pois sua classe é numerosa e você não poderá guardar na memória todos os dados de seus alunos.
2. REUNIÃO DE PAIS NO FIM DO SEMESTRE
Saiba dirigir essa reunião, fazendo com que todos participem, podendo expor suas opiniões, esclarecer suas dúvidas.
Trate, em primeiro lugar, da criança, preparando um boletim informativo de seu aproveitamento e sua conduta durante o semestre.
Esse poderá ser feito por escrito ou relatado oralmente, dependendo da organização de sua escola.
Descreva suas atividades, suas habilidades, suas dificuldades e seus progressos, dos pontos de vista físico, intelectual, emocional e social. Retrate com toda a clareza como a criança é na escola, para que os pais possam encarar seus problemas de forma a poder ajudá-la a vencê-los. Oriente cada pai e cada mãe sobre a maneira como poderá auxiliar o filho em casa, tanto na parte pedagógica como na formação de sua personalidade.
Os problemas mais graves e específicos nunca deverão ser tratados em reuniões gerais, mas em entrevistas individuais com os envolvidos.
Informe o programa que você está dando, mostre os trabalhos e as realizações das crianças.
Aproveite para falar das férias, que a educação, por ser um processo contínuo, terá prosseguimento durante as mesmas, não de maneira formal, com aulas e tarefas, mas através de qualquer atividade livre, bem orientada.
Valorize o lazer, ajudando os pais a planejá-lo com seus filhos e fazendo-os ver que na natureza há sempre o equilíbrio entre o trabalho e o repouso e que este é muito necessário às crianças.
3. REUNIÃO DE AVALIAÇÃO NO FINAL DO ANO
Esse assunto será tratado num dos próximos artigos da Revista.
4. ENTREVISTAS PESSOAIS
Reserve sempre um dia por semana para estar à disposição dos pais e comunique a eles esse horário.
Cabe a cada professor saber quais as suas possibilidades e qual o tempo material de que dispõe para manter esse contato. O importante é que ele exista. Isso evitará as conversas diárias com as mães nos corredores e nas portas das salas de aula, que, além de prejudicar você e suas atividades, são ineficientes.
Os problemas sempre aparecem e, numa entrevista calma, em que são abordados com tranqüilidade, poderão ser resolvidos com maior cuidado. Anote sempre essas conversas e as resoluções tomadas em conjunto por você e pelos pais.
5. FESTAS ESCOLARES
Prepare poucas festas, mas bem vivas e interessantes. Realize-as dentro da própria sala de aula, onde a criança se sente à vontade e pode cantar ou dramatizar com naturalidade.
Lembre-se de que a festa é das crianças e faça com que elas mesmas a organizem, de acordo com as suas possibilidades, suas capacidades. Você vai simplesmente orientá-las, ajudá-las, pondo à sua disposição bastantes materiais e idéias. Procure evitar o exibicionismo ou a timidez, fazendo os trabalhos em grupo, sem estrelismos, sem roupas ou fantasias complicadas, respeitando sempre o nível e o ritmo das próprias crianças.
Elas se sentirão felizes de participar de uma festa simples, mas criada por elas, e poderão mostrar aos pais como é a “sua” classe e o “seu” trabalho, a “sua” vida escolar.
Isso é importante para ambos, pais e filhos. Desse contato com a realidade escolar da criança, nascerá o diálogo tão necessário à sua segurança.
Isso será o suficiente para que você, professor, possa sentir a criança, seu lar, seu ambiente social, sua família. Isso trará a você a aceitação de cada aluno, esse elemento tão necessário para que você lhe transmita a segurança de que ele necessita a para sua realização escolar e a de sua vida.
Referência: Revista Construir Notícias
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