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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O olhar da criança sobre a Escola de Educação Infantil


Uiliete Márcia Silva de Mendonça 

Nosso estudo objetiva investigar o olhar da criança sobre a escola de Educação Infantil e tem como sujeito da pesquisa crianças do Núcleo de Educação Infantil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (NEI/UFRN) das turmas quatro e cinco que têm, em média, 5 e 6 anos de idade.
Ao longo do trabalho, utilizamos uma metáfora — a pintura —, vinculando as partes do texto a alguns dos elementos constitutivos dessa área da produção artística.
Assim sendo, teremos, como pintores, as crianças; a tela será a escola de Educação Infantil, onde a criança pintará, através do seu olhar, as cores da escola; a imaginação, as combinações e os experimentos das cores serão construídos pelos olhares das crianças, representados pela pintura na tela; o ateliê será o lócus de pesquisa, o NEI; a matéria-prima será o aporte teórico, utilizado como respaldo na construção do olhar das crianças sobre sua escola.
O tema escolhido foi construído ao longo do curso de Pedagogia. Também consideramos como fundamentais para as decisões concernentes a esta monografia duas ricas experiências que vivenciamos: uma como bolsista voluntária no projeto de pesquisa Especif icidades da Alfabetização: na Pedagogia e na Andragogia; e a outra como estagiária do Núcleo de Educação Infantil.
A experiência como bolsista do NEI se iniciou no ano de 2005 e teve duração de dois anos. Ali, desenvolvemos atividades relacionadas à formação docente juntamente com duas professoras efetivas, numa sala de aula da turma dois, com crianças de faixa etária entre 3 e 4 anos de idade. Nesse período, já participávamos de alguns momentos do processo educacional dessa escola: o planejamento com as professoras, as reuniões de estudo e administrativas, as reuniões de pais e professores, a semana pedagógica, além do próprio fazer pedagógico em sala de aula, orientado pelas professoras efetivas.
As atividades desenvolvidas no NEI nos oportunizaram aliar a teoria à prática, o que é bastante importante para a formação docente. Como nos esclarece Freire (1996, p. 22), “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria–prática, sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática, ativismo”. Além disso, por trás da prática de um professor, há uma teoria que ilumina o seu trabalho, isto é, a prática é o fruto dos conhecimentos construídos pelo professor (WEISZ, 2001). Mas não basta ter o conhecimento teórico para agirmos conforme desejamos; a prática é muito importante, pois nos permite ratificar ou retificar a teoria, alicerce sobre o qual construímos conhecimentos, fazendo e refletindo sobre o fazer.
No início desse trabalho, era tudo muito novo, haja vista que, embora já tivéssemos atuado no Ensino Fundamental com crianças maiores, na Educação Infantil, com crianças pequenas, era a nossa primeira experiência.
Como bolsista do NEI, também aprendemos a concepção de criança adotada pela escola, percebendo que as crianças, ali, são consideradas sujeitos que possuem um olhar crítico, que pensam, agem e sentem como seres singulares, que têm direitos e deveres, como sujeitos humanos que se constituem, desenvolvem-se nas interações sociais, aprendendo, incorporando e ressignificando práticas culturais, ou seja, sujeitos que têm vez e voz na Educação Infantil.
Nesse sentido, convém salientar que Kramer (2003, p.91) defende uma concepção de criança que
Reconhece o que é específico da infância — seu poder de imaginação, fantasia, criação — e entende as crianças como cidadãs, pessoas que produzem cultura e são nela produzidas, que possuem um olhar crítico que vira pelo avesso a ordem das coisas, subvertendo essa ordem. Esse modo de ver as crianças pode ensinar não só a entendê-las, mas também a ver o mundo a partir do ponto de vista da infância, pode nos ajudar a aprender com elas.
É essa, portanto, a concepção de criança/infância do NEI. Nele, criança é considerada um sujeito central que constrói seu conhecimento, mediado pela ação significativa do professor, das outras crianças e da própria cultura.
Refletindo sobre a criança, considerando a importância de conhecê-la e reconhecendo que ela é sujeito que produz cultura, que pensa, que se expressa, surgiu o interesse em pesquisar o seu olhar sobre a escola de Educação Infantil — o seu papel, a sua finalidade —, verificando o que ela pensa sobre a escola em que estuda.
O critério de escolha das crianças foi a idade, porque percebemos que as do NEI apresentam, nessa faixa etária, características como: linguagem oral bem elaborada; possibilidades de troca oral das suas vivências; sentimentos expressos com mais fluência e segurança; narrativas com riqueza de detalhes; seqüência lógica nas exposições orais; relação de causalidade não mais centrada no eu (egocentrismo), mas numa lógica fundada na observação das coisas e dos processos reais; e maior grau de elaboração nas relações de espaço e tempo.
Além da importância do olhar da criança, Didonet (2003, p. 97) nos chama a atenção para o nosso olhar sobre a criança:
É preciso que haja um novo olhar sobre a criança e que esse olhar a encontre como pessoa. É preciso que se fortaleça o compromisso moral e ético com essa pessoa que chegou para viver, para desfrutar da vida, para expressar e expandir a riqueza do mundo.
Nesse sentido, também nos esclarece Kramer (2003,p.81):
Não podemos continuar a olhar para as crianças como aqueles que não são sujeitos de direitos. Precisamos aprender com as crianças, olhar seus gestos, ouvir suas falas, compreender suas interações, ver suas produções.
Para subsidiar teoricamente o estudo, recorremos a alguns estudiosos que têm contribuído para avançar o conhecimento na área em que desenvolvemos o trabalho: Kramer (1993); Freire (1996); Fontana e Cruz (1997); Vygotsky (1998); Craidy e Kaercher (2001); Leite Filho (2001); Oliveira (2002); Basílio e Kramer (2003).
Neste trabalho, a consulta a fontes documentais também se fez necessária, o que nos levou a estudar os seguintes documentos: Brasil (1998); Proposta Pedagógica do NEI (2004); Política Nacional de Educação Infantil (2005); dentre outros.
Para nortear a pesquisa, definimos as seguintes questões de estudo: o que pensam as crianças sobre as diferenças existentes entre a escola de Educação Infantil e a escola de Educação de Adultos? Como se manifesta o olhar da criança sobre a Educação Infantil? Como pensam as crianças acerca do professor e da escola de Educação Infantil?
Procurando entender o olhar da criança da Educação Infantil sobre sua escola, nos deparamos com as características, as especificidades da escola de Educação Infantil. O que é uma escola de Educação Infantil? Que características a singularizam como tal? Que espaços devem ser organizados nessa escola? E a formação do professor? Que função esse professor deve exercer?
Com essas inquietações, definimos como objetivo do trabalho: investigar o olhar da criança acerca da escola de Educação Infantil, em termos do seu funcionamento, da sua finalidade e do trabalho dos seus professores.
Em termos metodológicos, nos definimos pela abordagem qualitativa de pesquisa, pois, de acordo com Lüdke e André (1986), esse tipo de abordagem possibilita o (re) conhecimento da realidade em estudo, visto que enfoca mais o processo do que o produto, com a preocupação maior de retratar o ponto de vista dos participantes, além de ser um tipo de pesquisa rico na apreensão, percepção e descrição/explicação dos fenômenos. Como a pesquisa qualitativa se preocupa mais com o processo, ela se torna muito importante na obtenção de dados de um determinado grupo estudado, pois os dados não se dão num ato mecânico de registro, e sim num processo de interação, reflexão e atribuição de sentidos entre o grupo estudado e o pesquisador, possibilitando um melhor conhecimento do objeto de estudo.
Discutindo sobre a pesquisa qualitativa, Lüdke e André (1986, p. 11) fazem o seguinte registro: “[...] a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo”.
A construção dos dados foi realizada através da entrevista semidiretiva e pesquisa bibliográfica. A escolha da entrevista se justifica por ser este um instrumento importante que se caracteriza pela interação entre o pesquisador, a pesquisa e os sujeitos. Como os sujeitos são crianças, esse instrumento de pesquisa se tornou adequado, pois o entrevistado irá discorrer sobre o tema proposto, com base nos conhecimentos que dele detém. Assim sendo, buscamos um clima de estímulo e de aceitação mútua, fazendo com que as informações fluíssem de maneira autêntica. Sobre a importância das entrevistas, assim nos esclarecem Lüdke e André (1986, p. 34):
A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Uma entrevista bem-feita pode permitir o tratamento de assuntos de natureza estritamente pessoal e íntima, assim como temas de natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais. Pode permitir o aprofundamento de pontos levantados por outras técnicas de coleta de alcance mais superficial, como o questionário.
A leitura dos dados construídos através da entrevista nos possibilitou a estruturação de um quadro-guia para nortear as análises, que se encontra a seguir organizado em três blocos de categorias, com suas subcategorias.
TEMA - Educação Infantil
CATEGORIAS - Escola de crianças / O bom professor de crianças / O NEI como escola de crianças
SUBCATEGORIAS - Diferenças com relação à escola de adultos / Características de uma boa escola / O que deve saber / Como recebe a criança na escola / O que ensina / Como ensina / Como procede com a criança que errou / Características dos professores / Espaços mais agradáveis / Acerca da rotina / Atividades mais prazerosas / Avaliação geral
Percebemos, através dos estudos teóricos, que uma boa escola de Educação Infantil deve ter profissionais capacitados e competentes, que assumam o binômio–educar–cuidar; que privilegiem as brincadeiras; que tenham uma rotina estruturante com atividades diversificadas e espaços organizados que permitam à criança se comunicar, brincar, aprender, viajar no mundo da imaginação, desenhar, dançar, cantar, enfim, ampliar seus conhecimentos.
Para que se construa um ambiente favorável para uma boa escola de Educação Infantil, necessário se faz:

[...] oferecermos às crianças um ambiente que propicie a cada uma — e ao grupo como um todo — a manifestação e ampliação de seus interesses e conhecimentos. As atividades e situações propostas têm, portanto, o objetivo último de favorecer a exploração, a descoberta e a construção de noções, ou seja, o desenvolvimento e o maior conhecimento do mundo físico e social [...] (KRAMER, 1993, p.21).

É incrível! Mas as crianças sabem muito sobre tudo isso.
Nesse sentido, Demartini (1997, p. 2) defende “reinterar a importância cada vez maior, em nossos dias, de aprender a ouvir as crianças e os jovens”.
É fundamental conhecer as crianças, pois elas nos revelam muitas coisas que são importantes para nós, adultos, refletirmos, haja vista que:
O olhar das crianças permite revelar fenômenos sociais que o olhar dos adultos deixa na penumbra ou obscurece totalmente. Assim, interpretar as representações sociais das crianças pode ser não apenas um meio de acesso à infância como categoria social, mas às próprias estruturas e dinâmicas sociais que são desocultadas no discurso das crianças (PINTO; SARMENTO, 1997, p.25).

Ouvimos as crianças. As cores foram misturadas, combinadas. A imaginação seguiu seu caminho... E, através dessa mistura de cores e da imaginação, as crianças revelaram seus olhares... Podemos, então, contemplar a tela! E não só isso!
As crianças revelaram que a escola em que estudam não está apenas no plano do ideal; essa escola também é real, porque as características desejadas, sonhadas pelas crianças, encontram materialidade no NEI — na sua estrutura física; nos seus “cantinhos”; na rotina que norteia a prática pedagógica; no acolhimento das crianças pelas professoras; nas aprendizagens que realizam; nas“viagens” ensejadas pela imaginação, embalada pela leitura de histórias e pelas brincadeiras; pelas músicas que ouvem e aprendem a cantar; pelas dramatizações que lhes permitem serem transportadas para outros lugares, outros momentos históricos, assumindo os mais diversos personagens.
Realçamos que a temática proposta neste trabalhoé instigante. Dessa forma, pretendemos aprofundar tal estudo futuramente, abarcando as questões em uma maior dimensão.
Chegando ao término deste estudo, consideramos ter alcançado o nosso objetivo inicial.
Consideramos também que a realização deste trabalho não se constituiu, apenas, no cumprimento de uma tarefa acadêmica. As aprendizagens decorrentes dessa experiência acadêmica foram bastante significativas para nossa formação pessoal e profissional, e suas contribuições estão para além de todas as palavras que possam ser ditas ou escritas.
Aos professores e aos demais leitores deste trabalho, fazemos um convite para uma reflexão sobre o modo de pensar e agir das crianças, suas significações, suas produções.
Considerando esta etapa de trabalho, chegamos! Mas acreditamos que, logo-logo, partiremos em busca de novos conhecimentos, porque não existe nada melhor que o prazer da renovação.

Fonte: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1331).
Autora: Uiliete Márcia Silva de Mendonça
Curso de Pedagogia/UFRN – etinharon@ig.com.br
Orientadora: Profa. Dra. Maria Estela Costa Holanda Campelo
Departamento de Educação – UFRN – estelacampelo@hotmail.comReferências Bibliográficas

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