DESENHAR e PINTAR
Atividades diversificadas: de acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil podemos incluir as atividades diversificadas no
contexto das atividades permanentes que ocorrem em sala de aula.
Atividades permanentes
“São
situações didáticas que acontecem com regularidade diária ou semanal, na rotina
das crianças. Os ateliês ou os ambientes de trabalho nos quais são oferecidas
diversas atividades simultâneas, como desenhar, pintar, modelar e fazer
construções e colagens, para que as crianças escolham o que fazer, são exemplos
de atividades permanentes. Esses ateliês permitem o desenvolvimento do percurso
individual de cada criança, na medida em que elas podem fazer suas escolhas,
regular por si mesmas o tempo dedicado a cada produção e experimentar diversas
possibilidades.” (ARTES VISUAIS – RCNEIS, 1998)
Atividades permanentes
“São aquelas que respondem
às necessidades básicas de cuidados, aprendizagem e de prazer para as crianças,
cujos conteúdos necessitam de uma constância. A escolha dos conteúdos que
definem o tipo de atividades permanentes a serem realizadas com frequência
regular, diária ou semanal, em cada grupo de crianças, depende das prioridades
elencadas a partir da proposta curricular. Consideram-se atividades
permanentes, entre outras: atividades diversificadas ou ambientes organizados
por temas ou materiais à escolha da criança, incluindo momentos para que as
crianças possam ficar sozinhas se assim o desejarem.” (RCNEIS - DOCUMENTO
INTRODUTÓRIO)
Atividades diversificadas è São aquelas em que as crianças, em pequenos grupos ou
individualmente, dedicam-se a trabalhos diversificados, planejados e
organizados pela professora, nestas atividades as crianças fazem as suas
escolhas dentre as sugestões apresentadas, tais como: pintura, modelagem,
leitura, colagem, desenho, construção, dobradura, etc. A professora coordena,
organiza, intervém e garante a participação de todos.
As
atividades diversificadas ganham sentido quando são meios para o
desenvolvimento de projetos coletivos ou individuais. Dar sentido às atividades
diversificadas, eis o que faz uma professora competente, sabendo que cada
atividade traz a possibilidade de novas aprendizagens e provocam novos
desenvolvimentos.
ATIVIDADES DE
DESENHO
As
atividades de desenho, assim como as demais atividades, obedecem sempre a um
planejamento subordinado às intenções pedagógicas da professora. Nesse sentido,
as atividades propostas não são livres, mas sim têm graus variáveis de abertura
ou fechamento. Por exemplo, o desenho sem tema proposto pela professora é mais
aberto do que o desenho sobre um tema sugerido; entretanto não é totalmente
aberto uma vez que o formato do papel e o tipo de lápis oferecido para as
crianças abrem algumas possibilidades e fecham outras.
As
atividades livres de desenho são aquelas em que as crianças, individualmente,
ao sentir necessidade de desenhar escolhem o suporte (papéis) e os lápis ou
canetas (meios). São momentos fora daqueles que a professora organiza com toda
a turma.
Diversas das atividades
livres são aquelas organizadas pela professora, segundo alguma intenção
pedagógica. É impossível esgotarmos as infinitas possibilidades de atividades
em desenho que podem ser propostas às crianças. Segue abaixo algumas propostas
de atividades.
A necessidade da intervençãoè Desenhar não é uma atividade
inata, mas aprendida. As crianças pequenas podem iniciar uma formação artística
desde que encontrem uma professora que alimente seus processos. Para que ela
possa fazer propostas significativas e tomar decisões adequadas ao que pretende
ensinar, precisa conhecer o percurso criador das crianças e regular as
interferências de acordo com as reais possibilidades de aprendizagem.
1. Atividades
em que as crianças refazem seus próprios traçados (escala maior ou menor)
Em
uma folha retangular bem pequena, pede-se que as crianças façam um desenho -
aquele que desejar. Em seguida, em uma folha bem maior, as crianças deverão
copiar seu próprio desenho refazendo-o em escala
maior. Ou então inversamente, as crianças desenham numa folha retangular
grande e depois redesenham no retângulo pequeno refazendo-o em escala menor. Ou ainda, uma única folha
é dividida ao meio com um traço vertical, e propõe-se às crianças que façam o
mesmo desenho à esquerda e à direita do traço. Nestas propostas as crianças têm
a oportunidade de fazer uma reflexão sobre seu próprio desenho organizando
mentalmente e no papel os problemas de espaço e de escalas que desenhistas de
qualquer idade sempre enfrentam.
No
caso de estereotipia - que são os desenhos sempre iguais, em motivos ou formas
de representá-los, a professora pode fazer uma pesquisa com as crianças,
investigando na sala de aula, nos arredores da escola, em livros e revistas
diferentes, tipos de sol, de casas, de meninas, etc., chamando a atenção das
crianças para os detalhes destas coisas. Em seguida a professora faz dois
traços perpendiculares na folha de papel, dividindo-a em quatro retângulos. A
proposta é que em cada um deles cada criança faça um sol, ou uma figura humana,
ou uma casa, ou..., diferentes entre si, investigando assim as diversas formas
de representar os objetos.
2. Desenhos
de Observação
É
sempre muito interessante propor às crianças que façam desenhos de observação.
Quando fazemos um desenho de observação, fazemos uma análise do objeto a ser
desenhado, e, quando colocamos o registro no papel, captamos uma estrutura, não
uma estrutura simples, sintética, mas uma estrutura rica em detalhes, que olhos
desprevenidos não captariam. Desenhar, observando, é algo que deve fazer parte
do repertório das crianças.
Por
exemplo, a professora pode montar uma natureza morta em uma mesa: frutas,
garrafas e quaisquer outros objetos dispostos de forma harmoniosa, formando um
conjunto; ela propõe que as crianças desenhem o que estão vendo sobre a mesa.
A
mesma proposta pode ser feita com quaisquer outros motivos: fazer o retrato do
amigo, desenhar a escola vista de dentro, a escola vista de fora, desenhar uma
cena, desenhar pessoas e objetos. Naturalmente, nesta como em qualquer das
propostas, cada criança desenhará do seu jeito, das mais variadas formas - nem
sempre muito semelhantes ao original. Importa é que as crianças entendam a
proposta e possam entregar-se à sua realização.
3. Atividades
com intervenções gráficas na folha de papel
O que é uma interferência ??? Interferência é toda ação da professora capaz de modificar o percurso
criador da criança. Quando bem pensada pode ajudá-la a avançar em algum aspecto
de sua produção. É possível interferir
de diversas formas.
Quando interferimos,
devemos saber qual o nosso objetivo, nossa intenção, para que tenhamos
condições de elaborar propostas mais adequadas ao que as crianças podem
aprender.
ü Cuidar do espaço que as crianças irão ter para
desenhar – criança de nível 1e 2 precisa de espaço que permita colocar em jogo
a amplitude de seus movimentos.
ü Interferir quanto ao suporte, definindo a superfície,
bi ou tridimensional, que será trabalhada pela criança.
ü Variar tanto o formato quanto ao tamanho dos suportes,
bem como a espessura e a textura, levando a criança a mudar estratégias e a
buscar caminhos diferentes para adequar-se à condição imposta pelo suporte.
ü É preciso a professora interferir também quanto aos
meios. Variar tipos de lápis, giz e outros materiais riscantes que exigem
tratamento e procedimentos bem diferentes.
Mas será que todos sabem quando a interferência
gráfica ajuda ???
A interferência ajuda a
criança a desenhar melhor, mas é preciso adequar a proposta ao tipo de trabalho
gráfico em que ela vem se empenhando.
Nestas
atividades as crianças já encontram um ponto de partida no tema do seu desenho.
Por exemplo, a professora propõe um tema, digamos que as crianças desenhem
bichos: aqueles que mais gostam, quais quiserem, aqueles que foram vistos em um
livro ou revista na roda que antecedeu à atividade de desenho etc. Outra
proposta pode ser a de desenhar pessoas em pequenos cartões, como se fossem
fotografias, em seguida pode ir para um painel da classe, formando a “Galeria
de Retratos”.
Além
dos temas explicitamente sugeridos, podemos fazer sugestões gráficas que
permanecem tematicamente em aberto. A criança cria seu desenho considerando a
existência dessas interferências, e por essa razão as reproduções devem sempre
abrir espaço - na superfície dos suportes - para as interpretações e criações
próprias da criança. Por exemplo, quando as crianças estão passando da garatuja
ao pré-esquemático, damos a ela uma folha onde está estrategicamente (digamos
no alto da folha) desenhado um círculo. Sem que indiquemos nada à criança é
natural que a partir daquele círculo ela tente desenhar uma pessoa.
Para
favorecer a imagem mental da figura humana, podemos ainda recortar de uma
revista metade de uma pessoa (da cintura para cima, ou verticalmente, segundo uma
linha que vai do nariz aos calcanhares), colar esta metade em uma folha de
papel e pedir que cada criança continue a figura. Esta mesma proposta poderá
ser feita com meio cavalo, meia casa, meio barco, etc.
Na
folha de papel, a professora poderá reproduzir qualquer pedaço de desenho e
pedir que as crianças continuem. Por exemplo, copiar cabeças de charges que
saem no jornal. Então as crianças continuarão os desenhos a partir da cabeça.
Ou então colocamos na folha apenas um chapéu lá em cima, ou um par de sapatos
cá embaixo, ou um guarda-chuva, ou uma mesa, enfim qualquer imagem que pareça
interessante para o professor, sempre tendo o cuidado de deixar bastante espaço
para o desenho e a criação das crianças.
Colocar
na folha de papel ambientes ou móveis em perspectiva, pedindo que as crianças
desenhem em cima deles, cria problemas espaciais muito interessantes que cada
criança solucionará à sua maneira.
Há
também as intervenções feitas a partir dos desenhos das crianças da sala.
Pega-se um desenho de uma das crianças, e elas deverão continuá-lo a partir
deste ponto.
4. Atividades
sem intervenção pedagógica direta
Nestas
atividades, as crianças escolhem o que e como querem desenhar. Nenhuma
atividade é totalmente livre, pois necessariamente sofre restrições de alguma
ordem. Porém, é muito importante que a professora saiba dosar atividades mais
abertas com as mais fechadas, de maneira tal que as crianças possam
beneficiar-se de suas conquistas gráficas nas atividades espontâneas.
Quando
uma professora dá uma atividade de desenho com lápis preto, ou giz de cera, ou
com caneta hidrocor, ou com carvão etc., é importante que ela saiba as
diferenças técnicas que estes materiais configuram, para que possa planejar a
atividade com intuitos explícitos: não é a mesma coisa desenhar com caneta ou
com lápis; porque este e não aquele? São decisões da professora.
DESENHAR NA SALA DE AULA
Três exemplos de situações que favorecem a
aprendizagem e o desenvolvimento do desenho na escola e em outros espaços
educativos: 1. desenhar muito e com
frequência; 2. observação de
desenhos e colegas e de produtores de desenhos da comunidade e de outros
artistas; 3. exercícios com desenho
de imaginação, de memória e de observação (de outros desenhos e do mundo
físico).
É desejável que os trabalhos das crianças sejam
guardados e retornados com as crianças de tempos em tempos junto com todo o
grupo. Os trabalhos precisam ser exibidos e recebidos com interesses pela
professora.
Outro aspecto importante é que hoje as crianças podem
fazer seus portfólios eletrônicos escaneando seus desenhos e gravando-os em
CD’s, editando-os como quiserem, seguindo critérios que podem ser
compartilhados em grupo. Podem socializar essas produções na escola e em redes
informatizadas, criando espaços de comunicação próprios e interativos, abrindo
diálogo com sua produção além dos muros da escola (Cf. Hernandez, 2000).
A criança precisa ser incentivada a desenhar
reconhecendo que, muitas vezes, não é fácil, que desenhar requer dedicação,
constância, informações e orientação da professora.
O aprendizado do desenho é bastante favorecido quando
as crianças podem observar como os colegas resolver problemas de desenho para
desenvolver seus trabalhos pessoais. Por isso, é importante organizar conversas
em que as crianças verbalizem como chegaram até o produto final e as
dificuldades que encontraram durante esse processo. Além disso, deve-se
autorizar a comunicação entre os pares na sala de aula enquanto trabalham.
A autoconfiança é um fator imprescindível para o desenho
e nisto a professora pode colaborar ao incentivar a criança a enfrentar as
dificuldades, valorizando a dedicação ao invés da desistência rápida dessa
criança quando este se depara com os primeiros obstáculos.
Muito se fala em autoestima hoje em dia e em relação
positiva com o papel de aprendiz. Entretanto, a imagem positiva advém do
domínio de conteúdos que podem ser aplicados pela criança, com sentido, na sua
vida. Aprende a si, pelo valor que atribui ao aprender. No caso do desenho é
necessário que a criança descubra seu valor e sua aplicabilidade, para
decodificá-lo com mais precisão e arte.
Para que desenhar com frequência?
Ter oportunidade para realizar muitos desenhos pode
favorecer progressos, pois a criança observa seus procedimentos e resultados,
além de aprender com os próprios trabalhos. Ela encontra soluções a partir das
tentativas que faz e podem se surpreender com os próprios resultados.
Desenhar muito e com frequência é a melhor forma para
o aperfeiçoamento da destreza e da flexibilidade necessária ao desenhar. Na
verdade, são saberes cognitivos, procedimentos e qualitativos, pois para
desenhar não é necessário que a professora mostre para a criança, passo a
passo, o que ela deve fazer, dar a ela modelos para copiar ou desenhos prontos
para pintar, mas sim que cada um possa construir seus próprios esquemas para
desenhar.
Criar com materiais variados em superfícies variadas
favorece a pesquisa da criança em desenho. Desenhar na pedra, na madeira, no
papel, na areia, no computador, com lápis de cera, grafite, lápis de cor,
pincel e tinta, carvão, no espaço com barbantes e linhas, no chão com pedras,
com luz no espaço. Essas experiências só favorecem o aprendizado da criança,
além de ampliar o seu horizonte de desenhista.
Pra que observar desenhos de colegas e de produtores de arte?
Observar colegas e artistas desenhando amplia o
repertório desenhista da criança, e observá-los desenhando pode favorecer a
percepção de que existe uma infinidade de maneiras para resolver as situações
em um desenho. A variedade de temas e soluções deixa claro que cada qual tem
seu processo e seu percurso, e que podemos ter tantos desenhos quantos forem os
produtores que tiverem trabalhando um mesmo tema.
Ler desenhos de produtores de arte de vários momentos
da história também ajuda a criança a perceber e observar de que forma o desenho
se transformou com o tempo, e que eles revelam da época e estilo de quem os
produziu.
O desenho de observação a partir de outros desenhos do
mundo físico é realizado na presença do modelo a ser produzido pelo aluno. É
bom lembrar que essas tarefas são realizadas dentro das possibilidades da
criança e denotam seu estilo, ou seja, a aluna pode representar o modelo
segundo seus esquemas desenhistas. Não é possível esperar que uma criança desenhe
como um adulto desenvolvido para expandir seu repertório, incorporar
regularidades, desenvolver habilidades e tem como finalidade aprimorar o
percurso criador do aluno enquanto desenhista ao propor suas poéticas.
Por que desenhar de imaginação?
O desenho de imaginação pode ser proposto pela
professora para que a criança se exercite como desenhista e como criadora de
imagens. A professora pode fazê-lo através de temas sugeridos pelas crianças
como: meu quarto depois do jogo do Brasil, minha cidade, meus amigos, dentro do
túnel.
Os temas podem ser sugeridos pelas crianças ou
professoras e escolhidos para serem desenhados com clareza nos objetivos das
propostas. O desenvolvimento da imaginação certamente será incorporado nas
ações desenhistas posteriores.
Para que desenhar de memória?
Algumas crianças fazem desenhos baseados em imagens
que veem nas paredes da escola, na rua, nos livros.
A imagem vista não gera, necessariamente, na sequência
imediata, a produção de uma outra que inclua em sua forma, entretanto,
incorpora-se ao repertório de imagens da criança. Observando este fato, é
possível concluir que não é necessário, sempre que realizarmos atividades de
leitura de imagens, propor aulas práticas, elas articulam-se à memória
significativa de imagens da criança que as fará emergir em seus desenhos, na
hora em que achar necessário.
O desenho de memória é realizado a partir da memória
visual de determinadas situações, locais, objetos do cotidiano ou artístico.
Serve para ativar os recursos desenhistas e a memória visual, que tem presença
importante na construção do desenho. A professora pode propor desenho de
memória por meio de temas como: o lugar onde eu moro, as coisas da minha casa,
minha roupa de dormir, um bicho de que eu gosto muito.
Observar longamente um objeto ou imagem e depois
retirá-lo para ser desenhado é um excelente exercício de memória visual.
As crianças podem escolher seus próprios temas para
desenho de imaginação, memória e observação, além dos indicados pela
professora. Todas essas estratégias são boas porque advêm do universo do ensino
da arte e servem para promover o desenho de iniciativa própria do sujeito, onde
ele desenvolve seu projeto artístico.
O conhecimento
que vai nutrir a produção em arte pode ser pensado com base em um modelo em que
conhecer e criar não são atos dissociados.
Ao alimentar seus desenhos de conteúdo por intermédio
de propostas para aprender sobre desenho, a criança recria-os tendo em vista
suas experiências e transformando, dessa maneira, seus saberes, fazeres e
valores sobre desenho.
O fazer artístico criador em desenho, a leitura e a reflexão sobre
desenhos em sala de aula
O desenho é um fazer artístico relevante na educação.
Esse fazer artístico se desenvolve nos trabalhos pessoais por meio de propostas
sugeridas por professoras durante oficinas de arte. É importante diferenciar o
fazer artístico como percurso criador da criança e aquele em que
prioritariamente assimila conteúdos da produção social da arte (conhece
artistas, movimentos e temas da arte, meios e suportes, obras em conexões). Uma
ação de fazer para aprender sobre a arte alimenta o percurso de criação da
criança no qual é ela que propõe o que fazer e define com que meios e suportes.
Para enriquecer o percurso criador dos desenhistas é
preciso que ele seja alimentado com conceitos, procedimentos e valores oriundos
da produção social e de arte sobre arte. Por isso a professora precisa
alimentar esses dois momentos na sala de aula, e nunca esquecer o percurso
criador.
O fazer criador desenhista é cultivado
Fazer desenho, ler o próprio trabalho e o dos colegas
pode garantir à criança uma aprendizagem eficaz. Os desenhos que as crianças
realizam na escola a partir da escolha de temas, técnicas e materiais a partir
de suas ideias e motivação pessoal, podem ser considerados o motor de seu
interesse e satisfação com a área de conhecimento e colabora com o
desenvolvimento artístico estético da criança.
Portanto, o ensino do desenho deve estar orientado
para formação cultivada e participativa na sociedade e também possibilitar o
desenvolvimento da capacidade de criação cultivada, ou seja, alimentada por
diferentes contextos informativos sobre desenho: instituições culturais,
mostras, feiras, livros, diferentes mídias, reproduções, trabalhos de criança, etc.
Assim sendo,
aulas com propostas orientadas em desenho devem ser alternadas com outras nas
quais as crianças desenvolvem seus trabalhos pessoais. Dois momentos distintos
articulados entre si pela própria criança, que saberá assimilar aos seus
trabalhos aquilo que lhe interessa.
As oficinas de desenho são de fazer artístico
cultivado, ou seja, no percurso criador da criança pode-se observar o
transcurso das aprendizagens.
A criança ao fazer seus desenhos expressa seu universo
pessoal de experiência e conhecimento, que pode ser compartilhado por adultos e
crianças porque se materializa.
O papel da
professora
Há três tempos importantes em que a professora pode
acompanhar observar e interagir com as crianças nas oficinas de desenho
cultivado:
O início do processo de trabalhoè quando
a criança seleciona por si, entre os materiais disponíveis, o que utilizará
para realizar seu desenho. Pode ter dificuldades para selecionar, sentir falta
de algum material, escolher material inadequado, não ter ideia sobre o que vai
fazer (em todas essas situações a professora é presença imprescindível e tem um
papel importante no diálogo com a criança).
O material é uma fonte riquíssima para imaginação
criadora dos desenhistas. Desenhar uma forma envolve habilidade e conhecimento
do material que lhe dá suporte. Matéria e forma simbólica não caminham
separadas no desenho.
O desenvolvimento do trabalhoè enquanto
a criança desenha pode necessitar de auxílio técnico, ou ter dúvidas para
solucionar problemas que emergem do fazer. A professora pode intervir, por
exemplo, para que a criança estabeleça relações entre seu desenho e desenhos do
universo da arte aos quais teve acesso nas aulas informativas; pode retomar
questões de desenhos anteriores da criança, pode propiciar que as crianças se
ajudem entre si trocando experiências sobre as questões do fazer.
O término e a recepção do trabalho pela professoraè quando a professora pode comentar sem julgar padrões de feio ou
bonito, e sim considerando aquele desenho do ponto de vista da arte da criança,
na sua relação com o caminho de criação e aprendizagem de cada criança.
Para os desenhos desenvolvidos em grupo os mesmos
momentos podem ser observados e o professor deve estar atento para que todos
possam participar em cada etapa.
Referências bibliográficas
ü BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto.
Secretaria da Educação Fundamental. Referenciais Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil. Vol. 3. Brasília, 1998.
ü DEHEIZELEIN, Monique; CAVALCANTI, Zélia Vitória. Professor da pré-escola. Vol. 1.
Fundação Roberto Marinho. 2ª Ed. São Paulo: Globo, 1992.
ü DEHEIZELEIN, Monique. A fome com a vontade de comer.
Vozes: Petrópolis, 1994.
ü GARCIA, Regina Leite (org.). Revisitando a pré-escola. São Paulo: Cortez: 1993.
ü IAVELBERG, Rosa. O
desenho cultivado da criança: prática e formação de educadores. Porto
Alegre: Zouk, 2006.
ü SANS, Paulo de Tarso Cheida. Pedagogia do desenho infantil. Campinas: Alínea, 2009.
Texto organizado por: Leusa de Melo Secchi
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