Pesquisar este blog

Tradutor

Google-Translate-ChineseGoogle-Translate-Portuguese to FrenchGoogle-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to ItalianGoogle-Translate-Portuguese to JapaneseGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to RussianGoogle-Translate-Portuguese to Spanish

PARA SALVAR AS IMAGENS, CLIQUE NAS IMAGENS PARA VISUALIZAR MELHOR.

1. Escolha a imagem;
2. Clique no botão direito do mouse;
3. Escolha a opção “Salvar Imagem Como ...”
4. Escolha o local a ser salvo a imagem;
5. Clique em salvar e pronto.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

A Psicogenética de Wallon e a Educação Infantil



        A  PSICOGENÉTICA  DE  WALLON  E
 A  EDUCAÇÃO INFANTIL


                                                                                ANA BEATRIZ CERISARA [1]         
                             
            Este artigo pretende apresentar alguns aspectos que evidenciem a necessidade e validade de um estudo aprofundado da psicogenética walloniana e de suas relações com a educação infantil, além de refletir sobre uma possível metodologia a ser utilizada para enfrentar este estudo.
            Começo com uma introdução em que procuro situar os impasses teóricos e práticos que vinha sentindo como formadora de professoras de educação infantil e que me levaram a buscar a teoria psicogenética. Em seguida, na primeira parte apresento uma breve síntese dos princípios epistemológicos que sustentam a teoria walloniana; na segunda parte, o tema  emoção é analisado na trama das relações que o autor estabelece com os demais grandes temas: movimento, inteligência, pessoa e pedagogia. E por último, apresento alguns aspectos relativos às decorrências que, do meu ponto de vista, a teoria psicogenética da pessoa pode trazer para os educadores em geral, mais especificamente para aqueles que trabalham com crianças de 0 a 6 anos.

INTRODUÇÃO:
            O que me levou a realizar estudos sobre a teoria psicogenética de Wallon foi decorrência dos impasses teórico-metodológicos que vinha enfrentando em meu trabalho como formadora de professores para educação infantil junto à Universidade Federeal de Santa Catarina. Após alguns anos utilizando a teoria psicogética da inteligência de Piaget como suporte psicológico para a prática pedagógica  de minhas alunas, junto à crianças de 0 a 6 anos  que frequentavam creches e pré-escolas, fui cada vez mais sentindo que este referencial teórico entrava em choque com os pressupostos epistemológicos que sustentavam a minha postura como educadora, que entendia a construção do indivíduo e da realidade social como complementares de um processo dialético de apropriação e interiorização da realidade objetiva, no qual interagem fatores objetivos (fruto das determinações sócio-econômicas mais amplas) e fatores subjetivos (fruto das idiossincrasias e singularidades dos indivíduos e de suas biografias).
            Além destas questões de ordem mais filosófica-pessoal, outras foram surgindo  decorrentes do próprio movimento dentro da área da psicologia na qual novas abordagens a respeito do funcionamento humano, foram criando condições para o questionamento mais aprofundado da teoria de Piaget e de suas relações com a educação, que possibilitaram o cotejo entre teorias, também psicogenéticas, mas com concepções de homem, mundo, aprendizagem e educação bastante distintas.
            O contato com a abordagem histórico-cultural da escola de psicologia russa e com sua forma de conceber a criança, as relações entre aprendizagem e desenvolvimento, o papel do educador e da escola , o papel da atividade humana mediada pelos sistemas de signos e pelos instrumentos técnicos na construção de  formas humanas de pensamento e de inserção no mundo  foram legitimando e fundamentando teóricamente as dúvidas já "sentidas mas ainda não compeendidas" a respeito dos limites e posibilidades apresentadas pela teoria de Piaget.
            Ler autores com pressupostos teóricos compatíveis com os que eu acreditava serem os mais adequados na compreensão do homem no mundo, fêz com que percebesse não só a fragilidade do meu conhecimento a respeito da teoria psicogenética de Piaget e a consequente necessidade de enfrentá-la mais densa e profundamente, como também evidenciou que a problemática era mais profunda do que parecia à primeira vista. Explico melhor: quando os trabalhos de Vygotsky começaram a ser publicados e a ser divulgados, foi-se instalando entre os educadores um verdadeiro estado de rivalidade entre os que defendiam "os dogmas" piagetianos e os que defendiam "os dogmas" vygotskyanos. Esta defesa se dava no nível mais  elementar e aparente possível, dando a impressão de que bastaria aparar algumas arestas para que as duas abordagens não significassem  mais ameaças uma para a outra e, principalmente, evidenciando um uso indevido e redutor dos trabalhos destes autores.
            Discutia-se então as oposições mais evidentes: papel da linguagem egocêntrica, a relação aprendizado/desenvolvimento, os fatores endógenos e os fatores exógenos no desenvolvimento humano, o papel do meio na constituição dos sujeitos, entre tantos outros.
            É claro que todas estas questões fluiram das reflexões feitas por Vygotsky em suas obras publicadas no Brasil. Ler Vygotsky foi, de certa  forma, perceber que não só havia uma distorção entre a produção de Piaget e o consumo que alguns educadores haviam feito dela, como foi tornando evidente a necessidade de encontrar uma teoria que, complementar aos pressupostos epistemológicos da escola russa, pudesse oferecer uma teoria a respeito do desenvolvimento infantil dentro de uma abordagem psicogenética e histórica que viesse a fundamentar o trabalho dos educadores.
            Assim foi-se cristalizando a necessidade de enfrentar o desafio de ler Wallon, tarefa iniciada tantas vezes e outras tantas interrompida, quer pela dificuldade de compreender os textos do autor, quer pela incapacidade de perceber exatamente onde residia os meandros da contribuição do mesmo para a tarefa pedagógica. Havia clareza quanto ao compromisso e necessidade de estudar Wallon reinterada constantemente pelas produções na área da educação infantil, que apresentavam o autor francês como uma possível saída para o impasse teórico colocado entre a psicogenética piagetiana e a perspectiva histórico-cultural dos russos.
            No entanto, tinha clareza quanto à necessidade de não eleger uma teoria psicológica como aquela que daria conta de todos os impasses vividos pelos educadores e muito menos, com o tom pessoal-apaixonado que vinha acompanhando os diferentes modismos pedagógicos que eu já havia acompanhado e, em alguns momentos, vivido em minha trajetória de educadora.
            Por outro lado, o eixo norteador das minhas preocupações era o papel dado à afetividade no processo de formação das professsoras que trabalham com crianças de 0 a 6anos. Pelo fato de trabalhar com formação destas professoras a questão da afetividade assumia uma dimensão de destaque uma vez que as crianças desta faixa etária se encontram marcadas pelas emoções e por suas manifestações, fazendo com que as professoras tenham necessáriamente que lidar com este "mundo das emoções" baseadas, na maioria das vezes, em noções teóricas  muito precárias e insuficientes para instrumentalizá-las a lidar e compreender, tanto as descargas emocionais das crianças, quanto as suas próprias reações frente a estas descargas.
            Sem querer cair na "pedagogia do amor"  buscava um referencial teórico que auxiliasse a compreender o papel que a afetividade exerce na prática pedagógica das professoras, e, por outro lado, elementos que auxiliassem na compreensão das pluralidades e singularidades presentes no cotidiano das práticas pedagógicas sem  deixar de considerar a "pessoa" que a professora é - entendida como síntese entre as determinações materiais da sua existência e as especificidades e peculiraridades decorrentes da sua subjetividade biográfica.
            Estas preocupações se inscreviam em um contexto mais amplo, marcado por contradições envolvendo alguns pares presentes na discussão a respeito dos paradigmas das ciências humanas e, consequentemente, dos limites e possibilidades da racionalidade humana na tarefa de cognoscibilidade da realidade objetiva: razão-emoção; objetividade - subjetividade; ciências exatas - ciências humanas; social-individual; teoria-prática; discurso-ação.
            Partindo do pressuposto de que a educação é uma prática social que se alimenta dos conhecimentos produzidos por diferentes áreas do conhecimento percebia a necessidade de manter uma perpectiva inderdisciplinar, em que a psicologia comparece como uma entre tantas outras áreas do conhecimento, que pode e deve iluminar a compreensão do processo educativo em suas múltiplas facetas. Portanto ela interessa na medida que oferece um quadro explicativo a respeito da forma como a criança apreende o mundo a ser conhecido. Este referencial teórico é necessário e até fundamental para os educadores, mas está longe de dar conta de toda a complexidade do processo educativo.
            Neste sentido não pode ser tomado como um referencial absoluto e muito menos dogmático, com o risco de se tornar um impedimento para o avanço do conhecimento do que detonadora dele. Kramer define belamente o que tem  muitas vezes aprisionado os educadores, muito mais do que auxiliado: "A neutralidade, a racionalidade científica, a verdade da ciência são miragens e, como tal, hipnotizam, embaçam, nebulam o olhar crítico que voltamos ao real. Penso que é preciso desembaçar este nosso olhar, descristalizar ou despertar nosso falar, na tentativa de enxergar o real e representá-lo nas suas contradições, na sua ambiguidade, na sua descontinuidade, rompendo com a postura de velar métodos e técnicas como quem vela mortos..."(Kramer, 1992: p.25) 
            É dentro deste contexto e com as preocupações já mencionadas  que iniciei meus estudos sobre a psicogenética de Wallon. Meu objetivo com as reflexões que seguem é de um lado realizar uma síntese do percurso realizado  e dos aspectos que, do meu ponto de vista, merecem ser destacados como as contribuições mais valiosas da sua teoria e, de outro, tentar relacioná-las com o trabalho pedagógico. Realizo esta tarefa seguindo o alerta feito por Heloísa Dantas : "A vastidão das perspectivas que ele (Wallon) abre é a maior justificativa para trazê-lo à apreciação do nosso meio universitário. Mas o caráter denso e complexo dos seus textos impõe a humildade do trabalho de divulgação. Quem quer que deseje conseguir interlocutores em torno das concepções wallonianas, precisa aceitar a modéstia da função de apresentador". (Dantas, 1990, p.2)   

1ª PARTE: PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS
            Para iniciar esta apresentação vou situar alguns princípios epistemológicos presentes na obra de Wallon e que podem auxiliar na compreensão da dinâmica peculiar do seu trabalho, uma vez que em cada tema tratado  estes princípios orientam tanto a sua visão de mundo walloniana, quanto o seu método de trabalho e a interpretação dos resultados obtidos. Vamos a eles:
 
1º- DEVIR:
É importante salientar que sua escolha do materialismo dialético como base epistemológica para o seu trabalho de pesquisador foi decorrente dos seus estudos iniciais como médico. "Para Wallon, o materialismo dialético não é uma doutrina vinda do exterior e sim o resultado lógico, iniludível de seus estudos científicos sobre o desenvolvimento do Homem na criança."(Pedro Dantas,1983: p.16) Foi por entender que a realidade é feita de processos e não de estados que ele escolheu  o método histórico, genético para a psicologia, segundo ele o único capaz de manter a inteireza do seu objeto - a pessoa humana. As conclusões do médico antecederam as do teórico. René Zazzo destaca que de Marx, Wallon ficou com o ideal de libertação e, no plano científico, conservou do marxismo não o ensino de um dogma e sim um método de análise.
            A preocupação com o devir fundamenta a idéia de que para compreender o indivíduo é preciso o conhecimento da sua biografia; para compreender o adulto é preciso conhecer a criança e, portanto, para compreender uma função é preciso conhecer a sua gênese. Cada fato deve ser estudado em seu devir já que o psiquismo humano tem uma natureza contraditória, multifacetada, dinamogênica, plena de fenômenos conflitantes. A psicogênese walloniana é despida de modelos terminais de caráter universal, nela "o desenvolvimento da criança não se dá por simples soma dos progressos que prosseguiriam sempre no mesmo sentido. Apresenta oscilações através de certos mecanismos: manifestações antecipadas, retornos, retrocessos...Não há, no entanto, senão oscilações à revelia."(Wallon,s/d: p.105)
            Sua escolha pelo materialismo dialético representou uma solução epistemológica, para trabalhar com a psicologia: "Ciência híbrida, situada na intersecção entre dois mundos, o da natureza e o da cultura, a psicologia é a dimensão nova que resulta do encontro, e mantém a tensão permanente do seu jogo de forças."(Dantas, 1992: p.37)    

2º- TRAMA:
Toda função deve ser analisada dentro de uma trama de interdependência entre os elementos. Tudo está em relação à tudo. Decorre disso o método comparado que visa entrelaçar a ontogênese, a filogenênese, a patologia e a involução, surgindo assim um tripé walloniano cujos elementos interligados levarão à dimensão do homem adulto normal: a criança, o doente (processo de evolução e involução filogenética)e o animal (processo de evolução e involução ontogenética).
            A psicogenética walloniana apresenta, portanto,uma abordagem multicausal em que ao estudar uma função do desenvolvimento humano ela busca as   funções que estabelecem com esta um jogo de  anterioridade, incompatibilidade e, dialéticamente, de paternidade. O fato de uma função ser anterior à outra não assume uma conotação de causalidade.

A lei de integração funcional confere às possibilidades posteriores, mais complexas, o poder de, ao surgir, impor o seu controle sobre as arcaicas. A relação entre anterior e posterior, na sucessão genética,é , por consequinte, diversa. Uma função posterior pode desempenhar um papel causal em relação a uma anterior, na medida em que lhe re-define o significado e, dessa forma, retroage.                   (Dantas, 1992 : p.24)


3º- CONFLITO-CONTRADIÇÃO:
Entende a dialética como uma disciplina do pensamento racional para apreender a realidade em seus eventuais conflitos e contradições. A presença de conflitos, crises, contradições na trajetória humana são, segundo Wallon, os pontos fecundos para o trabalho e a compreensão da pessoa humana, daí seu interesse pelos pares: emoção-razão; automatismo-reflexo; movimento cortical-movimento sub-cotical; inteligência natural-inteligência artificial; biológico-social; sujeito-objeto, entre tantos outros. É o próprio Wallon que afirma:

... o materialismo dialético é favorável ao devir incessante do sujeito e do universo, mas não da maneira incondicionada e fatalista do existencialismo. É partidário da objetividade experimental, mas sem cair no formalismo metodológico do positivismo nem no seu agnosticismo de princípios. Decalcado do real, aceita toda a sua diversidade, todas as contradições, convencido que elas se devem resolver e que até são elementos de explicação, pois o real é o que é, não obstante ou mais precisamente pos causa delas."(Wallon, 1975:p.188)

4º- A MATERIALIDADE DA REALIDADE
A realidade tem uma existência anterior e exterior à consciência que a conhece. Não é produto da mente humana. Ela é processual, explosiva e requer uma posição epistemológica que se afasta do inatismo e do empirismo.
            A apreensão da realidade é um esforço contínuo do sujeito com o objeto, no qual o objeto resiste ao sujeito e o obriga a se modificar. Esse esforço deixa sempre um vazio, entendido como um motivo  para uma nova aproximação do sujeito sobre o objeto. O vazio funciona como desencadeador de aproximações sucessivas. A realidade é cognoscível e é ilimitada, portanto não há termo para o processo do conhecimento.
            Os objetos não são nunca só físicos, mas sempre culturais. Sua teoria situa a vida social como o terreno das construções tanto da vida intelectual quanto da vida emocional. A realidade, para Wallon está organizada em níveis: o inorgânico, o orgânico e o consciente-pensante. O ponto que lhe interessa é o salto qualitativo do orgânico para o consciente, daí a afirmação de que a vida mental supõe um determinado nível de complexificação entre o orgânico e o social.
            A psicologia, portanto, não é só sócio-histórica ela é uma ciência bio-sócio-histórica. O psicológico é uma intersecção entre o biológico e o social que produz novas sínteses. Este social, vale destacar é por sua vez constituído de dois níveis: a interpessoal e a cultural
            Uma vez apresentada esta breve síntese dos  princípios epistemológicos que fundamentam a abordagem walloniana, vou tentar articulá-los tomando por eixo norteador um dos grandes temas com os quais Wallon trabalha - a emoção - e que será analisado na trama de relações que estalelece com os demais grandes temas, quais sejam, o movimento, a inteligência, a pessoa e a pedagogia, eleitos pelo autor por  constituirem, segundo ele, um conjunto indissociável do funcionamento humano.Desta forma, acredito que o enredo dentro do qual o autor circula possa ficar melhor explicitado.

2ª PARTE: A EMOÇÃO
            Esta é sem dúvida uma das grandes contribuições da obra walloniana, uma vez que rompe com a distinção que tem sido feita pela psicologia tradicional entre razão e emoção. A idéia de pessoa inteira deve dar lugar tanto para as manifestações da inteligência, quanto das razões da emoção. Por isso,se justifica falar de uma psicogenética da pessoa em Wallon e de uma psicogenética da inteligência em Piaget.
            É importante destacar que emoção para Wallon não é a mesma coisa que afetivo. O emocional é fugaz e transitório, visível corporalmente. A situação afetiva é mais permanente e implica uma carga de atração e repulsão de um objeto de amor e ódio. Wallon trabalha com o emocional, entendido como um estádio do qual participa o orgânico e o cognitivo, mas ligado ao corpo, por exemplo, medo, cólera, timidez, tristeza, para depois trabalhar o afetivo.
            Para elaborar a sua teoria da emoção o autor faz duas opções: uma para dar conta da sua natureza paradoxal(dialética), e outra para acompanhar as suas mudanças funcionais(genética). A emoção, como função humana tem uma natureza bio-social-psíquica. Tem uma natureza biológia porque possui no sistema nervoso, centros para coordenar seus efeitos tanto no plano subcortical(sua expressão é involuntária), como no plano cortical(suscetível ao controle voluntário).
            Por ser a primeira forma de vínculo com as demais pessoas, em virtude do estado de canhestria, de imperícia, de incompetência cognitiva do início da vida da criança ela tem uma natureza social. Na infância a emoção é a forma através da qual a criança  mobiliza o outro para atendê-la em seus desejos e necessidades, tem portanto um valor plástico e demonstrativo significando a realização mental das funções posturais e tirando delas impressões para a consciência. A emoção consegue estabelecer esta comunicação com o outro através de um diálogo tônico que apresenta  um forte componente de contágio.Daí afirmar que a emoção é endêmica.
            A emoção na teoria walloniana foi denomindada  de atividade próprioplástica exatamente porque ela tem um caráter de plasticidade corporal, ela esculpe o corpo, se fazendo visível ao outro. Está portanto, intimamente ligada ao movimento, sendo  através dele que as alterações emocionais se exteriorizam.
            Wallon acredita que existe nos movimentos uma dimensão afetiva e uma dimensão práxica. Inicialmente os movimentos são reflexos e impulsivos (0 a 3 meses); em seguida, surgem os movimentos involuntários onde se incluem os chamados movimentos expressivos (3-12 meses), ligados ao nível subcortical do cérebro e que tem como formas de manifestação principais a mímica e a atitude. Os movimentos práxicos são controlados pelo córtex cerebral e possibilitam os movimentos instrumentais(12-18 meses). Aliados ao amadurecimento cerebral, às influências do meio e ao aparecimento da função simbólica começam a surgir os ideo-movimentos (18-36 meses) até alcançar o ato mental(internalização do ato). Evidencia-se assim a sequência  genética evolutiva do motor ao mental, em que a emoção por ser um sistema de expressão e não de representação tem predominância até o aparecimento da linguagem. Entre as emoções e as representações existe antagonismos e incompatibilidades, o que não impede que a emoção desempenhe um papel na gênese da representação.
            Voltemos então à interelação entre o  desenvolvimento do movimento e o desenvolvimento da afetividade infantil. Wallon destaca que "a atividade tônica é a matéria de que são feitas as emoções. Esta atividade é produto da relação imediata do movimento e da sensibilidade."(Wallon, 1986: p.14)
            A função tônica é considerada a mais arcaica atividade muscular do homem e está presente nas emoções.Para compreendê-la é preciso situá-la dentro de quadro das funções dos músculos: a cinética (clônica- responsável pelo movimento visível dos músculos) e a tônica (postural - responsável pela manutenção do músculo parado). A função tônica flutua de acordo com a carga emocional ou do movimento.
            Surge dessa diferenciação uma classificação das emoções baseada nos diferentes papéis desempenhados pelo tônus: as emoções hipotônicas que reduzem o tônus, e as emoções hipertônicas que geram tônus.  
            Além de ter uma natureza bio-social a emoção tem também uma dimensão psíquica, já que é ela que realiza a transição do estado orgânico do ser para o estado cognitivo-cultural. O comportamento emocional precede a organização da vida de relação em geral e da consciência em particular.
            No entanto, suas relações tanto com os automatismos das reações ligadas ao tônus, quanto com a atividade intelectual supõe ao mesmo tempo uma  reação de filiação e de oposição. Vemos imbrincados nesta construção da pessoa o movimento,a emoção e a inteligência. O movimento para Wallon é portanto duplo: mental e afetivo.

    A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira." (Dantas, 1992 : p.90)
                          
            A vida intelectual requer alguns instrumentos necessários à sua realização tal como a linguagem, que é construída na vida social. Sendo a vida emocional o primeiro terreno das relações interindividuais de consciência, ela é também uma das condições necessárias à vida intelectual. Emoção e inteligência mantém contínuas relações.
            A pessoa se constrói em um processo constituído por alternâncias entre períodos de predomínio de construção do sujeito (dominantemente afetivos) e de períodos de construção do objeto (dominantemente cognitivos).

Nos momentos dominantemente afetivos do desenvolvimento o que está em primeiro plano é a construção do sujeito, que se faz pela interação com os outros sujeitos; naqueles de maior peso cognitivo, é o objeto, a realidade externa, que se modela, à custa da aquisição das técnicas elaboradas pela cultura. Ambos os processos são, por conseguinte, sociais, embora em sentidos diferentes: no primeiro, social é sinônimo de interpessoal; no segundo, é o equivalente de cultural."(Dantas, 1992 : p.91)

            Esta forma de pensar o desenvolvimento humano, em que sujeito e objeto se constroem mutuamente, alternando-se na preponderância do consumo de energia psicogenética é, do meu ponto de vista, uma das idéias mais originais dentro do quadro da psicologia do desenvolvimento. Em geral os psicólogos do desenvolvimento infantil pensam o desenvolvimento num processo que vai do interno para o externo numa progressão contínua e irreversível. Wallon apresenta a progressão da forma sincrética à forma diferenciada (categorial) da criança se relacionar com o mundo e com ela própria, mas o percurso é sinuoso, um percurso de vai-e-vem entre o interno e o externo."Cada novo momento terá incorporado as aquisições feitas no nível anterior, ou seja, na outra dimensão. Isto significa que a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da inteligência, e vice-versa." (Dantas, 1992: p.90)
            Este conceito de alternância funcional entre os diferentes períodos do desenvolvimento é fundamental para a compreensão da perspectiva walloniana. Decorrentes da atividade dos tecidos na constituição e reconstituição das energias específicas dependem do metabolismo, cuja fase de utilização e gasto chama-se de catabólica e a de acúmulo de energia, de anabólica.
            As fases relativas à construção do sujeito por terem uma direção interna seguem a orientação centrípeda e as que tem uma direção externa seguem a orientação centrífuga. As etapas da pessoa apresentam-se numa sucessão bifásica de abertura (elaboração do real) e de fechamento (construção do Eu). Nas palavras do próprio Wallon:

...as diferentes idades em que se pode decompor a evolução psíquica da criança opõem-se como fases à orientação alternativamente centrípeta e centrífuga orientada para a edificação cada vez maior do próprio indivíduo ou para o estabelecimento das suas relações com o exterior, para a assimilação ou para a diferenciação funcional e adaptação subjetiva.(Wallon, s/d: p.105)

            Na sua teoria do desenvolvimento da pessoa percebe-se que a criança só começa a ser pessoa com o aparecimento da simbolização, por volta da metade do primeiro ano. O desenvolvimento da pessoa que levará à construção do Eu evidencia um percurso com as seguintes características:
- busca de integração entre afetivo-cognitivo e entre  corpo-mente;
- contradição dinamogênica entre os aspectos endógenos do indivíduo (emoção e razão) e os aspectos exógenos (eu e o outro);
- o desenvolvimento é entendido como um processo de diferenciação e de individuação que envolve dois níveis: o eu do outro (exterioridade) e o das funções internas (afetividade/ cognição, sensório/ motor tônico e cinético).
            Wallon apresenta cinco etapas da psicogênese: 1ª) impulsiva-emocional; 2ª) sensório-motora-projetiva; 3ª) personalista; 4ª) categorial; 5ª) adolescência. Nestas etapas encontram-se explicadas as características de cada uma, no que diz respeito à percepção, movimento, afetividade, inteligência, pessoa e predomínio funcional.

3ª PARTE: DECORRÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Por último gostaria de pontuar alguns aspectos, mesmo que em forma de tópicos, relativos às decorrências desta teoria psicogenética da pessoa para iluminar as reflexões pedagógicas atuais, pois como afirma Heloísa Dantas: "Para aqueles que superam as resistências iniciais, a obra de Wallon adquire um apelo especial: a possibilidade de integrar a ciência psicológica a uma concepção epistemológica dialética e derivar dela uma pedagogia políticamente comprometida."(Dantas, 1992: p.4)   

-Em primeiro lugar, vale a pena destacar O Projeto de reforma Langevin-Wallon em que ele apresenta a sua concepção de escola evidenciando tanto preocupações sociais como psicogenéticas  ainda hoje oferecendo elementos inspiradores para um projeto educacional;

-"Wallon constata a reciprocidade entre psicologia e educação, sem precedência ou supeioridade de uma sobre a outra. Ambas constituem momentos complementares de uma mesma atitude experimental: a pedagogia inspira, anima e enriquece a pesquisa psicológica e dela participa. Por sua vez, a psicologia pode ocasionar a pesquisa pedagógica e oferecer bases para a renovação da prática educativa". (Nadel Brufert, 1986: p.9) Esta relação entre educação e psicologia tem sido, ainda hoje, uma meta não alcançada;

-A evolução da inteligência constrói a afetividade entendida como a logicização do amor e, a afetividade constrói a inteligência entendida como a amorização da lógica. Ou seja, para cada etapa do desenvolvimento há diferentes formas de trabalhar o afetivo e o cognitivo.  O aumento da competência, diminui a carga emotiva. Assim pode-se realizar uma "terapia cognitiva" onde a aprendizagem, portanto, o trabalho com o cognitivo assume um caráter terapêutico de resgate da auto-imagem.
            Esta perspectiva vai contra a idéia unidirecional e causal que a pedagogia tem do cognitivo e do emocional. A relação não aprendizagem-problema emocional pode e deve ser trabalhada via o refinamento da aprendizagem, assumindo uma dimensão curativa no nó emocional;

- A compreensão da emoção na criança deve ser entendida em relação à emoção do adulto e vice-versa. Isto leva ao chamado circuito perverso, em que a emoção da criança determina a emoção do adulto ficando este à mercê daquela, à semelhança da "hipnose do peixe". Este circuito só pode ser revertido via a corticalização, isto é, o conhecimento e compreensão do mesmo por parte do adulto, pode  alterar sua emoção;

- O fato da emoção ser “regressiva”, levar à ineficácia do funcionamento cognitivo, impõe que a educação da emoção deva fazer parte do trabalho educativo, o que determina a necessidade de um conhecimento profundo do seu modo de funcionamento por parte dos educadores;

- Importante lembrar que o que se refere à criança/bebê remete sempre à arqueologia do funcionamento humano/adulto, ao funcionamento arcaico que está sempre pronto a se atualizar diante de qualquer estado de imperícia cognitiva;

-A forma como Wallon articula movimento/ emoção/ cognição com sua base orgânica/ corpórea instrumentaliza o professor para descobrir diferentes formas de dar "afeto", tais como, toque epidérmico, toque da voz, toque do olhar;

-As concepções wallonianas a respeito do movimento apontam para condições tônico-posturais das crianças diferentes a cada etapa do seu desenvolvimento que deveriam ajudar a repensar as exigências das instituições educativas em relação às mesmas;

- A concepção de Wallon sobre a educação se caracteriza, essencialmente, pelo otimismo, otimismo decorrente de sua concepção da criança e de seu desenvolvimento. Para Wallon, a fatalidade não existe:"A constituição biológica, ao nascer, não será a única lei do destino ulterior da criança. Seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas ciscunstâncias sociais de sua existência, sem que a escolha pessoal esteja ausente." (Werebe, 1986: p.21)

            Espero que este esboço inicial a respeito da psicogenética walloniana permita que se instaure um diálogo  profícuo, possibilitando o avanço da compreensão do funcionamento humano e, consequentemente, do papel tanto das instituições educativas para crianças de 0 a 6 anos, quanto das suas profissionais na construção dessa pessoa.

RESUMO:
            Este artigo apresenta na primeira parte uma síntese dos princípios epistemológicos que sustentam a Teoria Psicogenética da Pessoa, elaborada por Wallon; na segunda parte analisa o tema Emoção no interior de sua teoria e, por último, apresenta possíveis decorrências desta teoria para o trabalho dos educadores em geral e, em particular, dos profissionais de instituições educativas que trabalham com crianças de 0 a 6 anos.

BIBLIOGRAFIA:

DANTAS,Heloísa. A infância da razão. São Paulo : Manole,1990.
DANTAS, Heloisa et alii.Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo : Summus
     Editorial, 1992.
DANTAS, Pedro. Para conhecer Wallon: uma psicologia dialética. São Paulo:
     Brasiliense,1983.
MARTINET, M. Théorie des emotions. Paris : Aubier, 1972.
WALLON, H. Fundamentos metafísicos ou fundamentos dialéticos da personalidade, IN:
     Objetivos e métodos da psicologia. Lisboa : Editorial Estampa,1975.
____________A atividade propioplástica, IN: Wallon. São Paulo : Ed. Ática, 1986.
____________A importância do movimento no desenvolvimento  psicológico da criança,
    IN: Psicologia e educação da infância. Lisboa, Ed. Estampa, 1975.
____________Alternâncias Funcionais, IN: A evolução psicológica da criança. Rio de
    Janeiro : Editora Andes, s/d.
____________A pessoa,IN:A evolução pasicológica da criança. Rio de Janeiro : Editora
    Andes, s/d.
____________Plano de reforma Langevin-Wallon, IN: Merani, A.Psicologia e pedagogia.
    
 Lisboa : Notícias, 1977.
WEREBE &  NADEL-BRULFERT (org.) Wallon. São Paulo : Editora Ática, 1986.







[1] Professora do Departamento de Metodologia de Ensino da UFSC e doutoranda da USP.

Educação Infantil: os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento garantidos na Base Nacional Curricular Comum



A nova versão da Base Nacional Curricular Comum, ainda por ser aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e homologada pelo Ministério da Educação, traz um campo específico sobre a Educação Infantil.



É interessante que os termos pré-escolar e pré-escola são pouco utilizados, aparecendo apenas 6 vezes no documento, pois se referiam a uma etapa anterior e, a partir da Constituição de 1988, a educação de crianças de 0 a 6 anos passou a ser dever do Estado. Esta é a razão da referência à Educação Infantil como etapa da Educação Básica. É um direito reconhecido de todas as crianças, mas a Educação Infantil tornou-se obrigatória para crianças a partir de 4 anos, apenas com a Emenda Constitucional nº 59/200928, aprovada em 2009, sob outro número.

A obrigatoriedade da Educação Infantil

Embora reconhecida como direito de todas as crianças e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos com a Emenda Constitucional nº 59/2009, incluída na LDB em 2013.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009) mencionam os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica como “interações e as brincadeiras, experiências por meio das quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização” BRASIL, 2017, p. 35).
Considerando esses eixos estruturantes, a BNCC traz “seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento [que] asseguram, na Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam” (BRASIL, 2017, p. 35). 
O documento menciona que a aprendizagem deve acontecer em “situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural (BRASIL, 2017, p. 35).

Esses direitos de aprendizagem e desenvolvimento já foram mencionados no artigo Base Nacional Curricular Comum e a Educação Infantil. Agora, vamos ver o que a BNCC traz sobre eles?

A BNCC reconhece o aumento da complexidade da aprendizagem na medida em que as crianças crescem. Isto mostra a necessidade de estruturação e organização de situações de aprendizagem.

Conviver: o primeiro direito de aprendizagem e desenvolvimento
É a convivência em grupos, sejam grandes ou pequenos, com pessoas de idades diversas e com o uso de linguagens variadas, que amplia o (re)conhecimento de si mesmo e do outro. Isto vai instrumentalizar os pequenos para conviver com diferenças pessoais e culturais.

Brincar: o segundo direito
A diversidade de formas, espaços, tempos e parceiros de brincadeira, sejam crianças ou adultos, ampliam e diversificam as possibilidades de acesso a produções culturais. É preciso valorizar a participação e as contribuições das crianças nas brincadeiras. Isso vai estimular o desenvolvimento do conhecimento, a criatividade e a imaginação. Nas brincadeiras também ocorrem experiências emocionais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais importantes para o desenvolvimento das crianças.

Participar: o terceiro direito
As crianças precisam participar ativamente do planejamento da gestão da escola e das atividades cotidianas, com adultos e com outras crianças. Mas, como? A escolha das brincadeiras, de materiais e de ambientes auxiliam no desenvolvimento de diferentes linguagens e na elaboração do conhecimento. Isso prepara a criança para fazer escolhas, tomar decisões e posições, contribuindo com seu desenvolvimento.  

Explorar: o quarto direito
A arte, a escrita, a ciência e a tecnologia, como modalidades de cultura, permitem que as crianças possam explorar, dentro e fora da escola, “movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos e elementos da natureza”, de modo a ampliar seus conhecimentos (BRASIL, 2017, p. 34).  

Expressar: o quinto direito
Por meio de diferentes linguagens, a criança deve expressar “suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, [e] questionamentos”. Assim, poderá aprender e desenvolver características que a tornem “sujeito dialógico, criativo e sensível” (BRASIL, 2017, p. 34, passim).
Conhecer-se: o sexto e último direito
A partir do conhecer-se é que a criança construirá sua própria identidade, englobando os campos pessoal, social e cultural. Portanto, é preciso constituir uma imagem positiva de si mesmo, além daqueles que fazem parte de seus “grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário” (BRASIL, 2017, p. 34).
Esses direitos garantem uma concepção de criança como ser observador, questionador, capaz de levantar hipóteses, concluir, julgar e assimilar valores. Isto contribui para que possa construir seus conhecimentos a apropriar-se deles de forma sistematizada, “por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social [e] não deve resultar no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, reitera a importância e necessidade de imprimir intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola” (BRASIL, 2017, p. 35).
Mas isto só pode ser garantido por meio das ações de ensino criadas e desenvolvidas pelos profissionais da Educação Infantil, de diferentes formas, possibilitando “evidenciar a progressão ocorrida durante o período observado, sem intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em ‘aptas’ e ‘não aptas’, ‘prontas’ ou ‘não prontas’, ‘maduras’ ou ‘imaturas’”.

Percebe-se, portanto, a imensa importância da Educação Infantil no desenvolvimento do indivíduo, como a base mais profunda para a evolução de sua educação e crescimento como cidadão.

Como fazer a referência deste texto de acordo com as normas da ABNT:

MEDEIROS, Elita. Educação Infantil: os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento garantidos na Base Nacional Curricular Comum. Plataforma Cultural, 2017. Disponível em: <http://plataformacultural.com.br/educacao-infantil-seis-direitos/>. Acesso em: [data de acesso com dia, mês abreviado com três letras, exceto se for maio, e ano].


REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2017.


Modelo de Parecer Descritivo Educação Infantil






1-ASPECTO FÍSICOS:  O estudante, consegue movimentar-se bem (pular, correr, saltar, arrastar), controla tranquilamente seus movimentos. Quando modela cria formas diferentes, tem bom domínio motor. O mesmo está em fase de desenvolvimento da motricidade fina (pintar, colar, amassar). Orienta-se bem no espaço e tempo.

2. ASPECTOS SOCIAIS: O estudante se adaptou com tranquilidade e alegria ao ambiente escolar, aos novos colegas e à equipe. O estudante participa, colabora e respeita as regras durante as atividades em grupo. Brinca com todas os colegas respeitando as regras de convivência no âmbito interno escolar.

3.LINGUAGEM ORAL/ESCRITA: O estudante, durante o momento da historinha, está sempre disposto a ouvir e participar. O estudante está em processo de desenvolver a coordenação motora fina por meio de garatujas abertas e fechadas. O mesmo participa das rodas de cantigas demonstrando alegria. Durante este bimestre foi trabalhado as vogais e diversos temas relacionados com o eixo natureza/sociedade e identidade/autonomia.

4. RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO: O estudante está em processo de conhecimento dos numerais de 0 a 10, conforme proposto no Currículo do CMEI. Concentra-se durante a realização das atividades em sala e extraclasse. Durante este bimestre, obteve conhecimento das cores, nomes dos colegas, professores, auxiliares de sala etc, numerais de 0 a 09. É capaz de montar os legos, gosta de ouvir histórias. Sua capacidade de concentração vem sendo desenvolvida com a interação professor-criança.

5. IDENTIDADE/AUTONOMIA: O estudante demonstra segurança no ambiente educacional infantil, apresentando bom relacionamento com os colegas, professora e auxiliares de sala. O mesmo demonstra autonomia para desenvolver tarefas do cotidiano tais como tomar água, tirar o sapato,  guardar os seus objetos pessoais em sua mochila e solicitar ajuda quando necessária.

Projeto didático: A Primavera


PROJETO DIDÁTICO
A PRIMAVERA




INSTITUIÇÃO:
TURMA: Maternal II
TURNO: Matutino e Vespertino
TURMA: Maternal II
PROFª: Cláudia de Oliveira Andrade
TEMA DO PROJETO: A Primavera
PERÍODO DE EXECUÇÃO: ..../...../....... À ..../...../......
EIXOS DE CONHECIMENTO: Linguagem Oral/Escrita, Natureza/Sociedade, Identidade/Autonomia  

CONTEÚDOS:
- Características da estação do ano “Primavera”;
-Características relacionadas com a estação do ano Primavera;
-Elementos da natureza necessários para o crescimento das flores; (água, sol e terra);
- Vogais;
-Numerais:  0 a 10;
- Garatujas;
-Cores;
- Contos infantis;
-Músicas infantis relacionadas com o tema “Primavera”.


JUSTIFICATIVA
A medida em que o ser humano aumenta a sua capacidade de intervir na natureza, utilizando seus recursos tecnológicos para extrair do meio ambiente tudo aquilo que deseja. O uso indevido dos recursos não renováveis ou a poluição dos recursos renováveis são fatores que ameaçam a sobrevivência dos seres. Existem vários fatores que contribuem para a degradação da natureza, são eles: esgotamento do solo, poluição sonora provocada por barulho de automóveis, máquinas etc, poluição do ar da água e dos solos, destruição da camada de ozônio e muitos outros.
Este projeto busca formar o senso crítico na criança, estimulando-a retirar da natureza somente o que é necessário para sua sobrevivência, mostrando para as crianças que o meio ambiente não pertence a elas, mas que elas estão inseridas nele.
O cidadão que se preocupa com o ambiente em que vive precisa mudar sua forma de pensar e passar a agir com responsabilidade, sensibilidade e respeito.
O pequeno de hoje será o adulto empreendedor de amanhã, se não formar uma consciência da importância de cuidar da natureza com cautela, irá agir de forma mesquinha, utilizando a natureza de forma desordenada e gananciosa, se for responsável e consciente irá se integrar ao meio ambiente, tornando-se parte dele só retirando dele aquilo que realmente necessita.
Nós educadores devemos buscar a construção de uma consciência crítica pelos alunos, de modo a formar cidadãos éticos e humanos. É muito importante orientar as crianças a lidar com a natureza, tendo como objetivo despertar nos pequenos uma postura crítica frente à realidade das informações e os valores trazidos de casa ou veiculados pela mídia, pois os assuntos ambientais não são apenas de interesse individual, mas do coletivo, ou seja, são de interesse planetário.
Este projeto busca ampliar as noções já elaboradas das crianças sobre o meio ambiente, nas suas mais variadas formas, pois a gente só protege e cuida daquilo que conhece e ama, é mais do que ensinar a criança a não poluir é educar o pequeno para que corrija aquele que ainda não aprendeu a tratar a natureza com o respeito que ela merece.
 Como nos dias de hoje estamos sempre com pouco tempo para realizarmos todas as tarefas que precisamos fazer, tendo pouco ou nenhum tempo dedicado a cuidar da boa alimentação, descanso e lazer, as indústrias criam novos meios de “facilitar” nossa vida, fabricando produtos em embalagens descartáveis que consomem matéria-prima e arrasam a natureza, cabe ao educador despertar na criança o patrulheiro ambiental, que irá fiscalizar e proteger a natureza.
                                                                                                 
OBJETIVO GERAL
Despertar o interesse pela preservação da natureza, assim como, as formas de vida e sua sobrevivência, observando o meio natural desenvolvendo a curiosidade e a prática investigativa de cada criança.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-Desenvolver a percepção sensório-motora, a observação, a apreciação do meio; ambiente externo e interno;
-Desenvolver a coordenação motora grossa e fina;
-Observar o ambiente em que se vive;
-Desenvolver a curiosidade e a prática investigativa;
- Compreender sobre as principais características da estação do ano “Primavera”;
-Ampliar a linguagem oral;
-Estimular a criatividade;
-Desenvolver a atenção e o raciocínio
-Desenvolver a percepção auditiva e visual;
-Compreender sobre os principais cuidados com as plantinhas.

METODOLOGIA (PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS):
Serão formadas rodas das conversas informais, atividades com materiais recicláveis, músicas, textos informativos, produções textuais, murais, etc.
Na primeira semana serão realizadas atividades de pinturas no sulfite, cantigas e conto infantil com o tema em destaque. Os estudantes realizarão um passeio interno ao redor do CMEI para conhecer algumas plantinhas (flores) e suas principais características (cores, caule, folhas etc.).
Na segunda semana serão realizadas atividades no papel pardo (painel primavera), utilizando-se diversos materiais recicláveis, como também serão contadas historinhas, cantigas e brincadeiras no gramado. Ainda, serão plantadas algumas mudas de flores com os estudantes nesta semana em torno do CMEI.
Algumas atividades serão realizadas em sala e outras extraclasse.

ATIVIDADES:
Atividades orais e escritas;
Plantio de diferentes mudas flores;
Jogo da Memória, Brincadeiras;
Músicas e Danças;
Pinturas e Recortes;
Materiais recicláveis (sucatas);
Histórias;
Técnicas de pintura;
Máscaras de flores trabalhadas;
Massinha de modelar;
Confecção de painéis;  
Poemas e Brincadeiras.

RECURSOS DIDÁTICOS
Papéis (sulfite, cartolina, color set, jornal, crepom, laminado). Palitos de churrasco; Garfinhos de madeira. Sucatas (garrafa pet de diferentes cores e tamanhos; tampinhas de plásticos). Tesoura com ponta arredondada, cola branca e colorida, lápis de cor, giz de cera, giz de lousa, régua, gliter, fio de náilon, barbante, fita adesiva transparente, botão, pincel, E.V.A e  mudas de flores.

CULMINÂNCIA
Serão expostas algumas atividades referentes ao projeto no saguão da instituição para as demais turmas visualizarem e se interagirem com o tema em destaque. Também, será entregue aos estudantes um copinho decorado de girassol contendo jujubas, e com uma mensagem sobre a importância da estação primavera na vida dos seres vivos. 

AVALIAÇÃO
A avaliação será realizada por meio de registros descritivos durante todo o desenvolvimento do projeto, levando em consideração a participação dos estudantes frente às atividades propostas com o tema em destaque.

Projeto didático: Corpo e Movimento; trabalhando a estrutura corporal diferenças e semelhanças.


Projeto Didático
 Corpo e Movimento: trabalhando a estrutura corporal diferenças e semelhanças.



Instituição:
Tema: Corpo e Movimento; trabalhando a estrutura corporal diferenças e semelhanças.
Professor(a): 
Turmas envolvidas: Educação Infantil (Pré I e Pré II)
Turno: Vespertino
Eixos do Conhecimento: Linguagem Oral/Escrita e Movimento
Conteúdos: esquema corporal, percepção auditiva/visual, sociabilização, equilíbrio corporal, espaço/tempo/movimento.
Inicio do projeto: ..../...../.......     Término do Projeto:...../...../.....
Coordenação Pedagógica:
Direção:

Justificativa:
Esquema corporal é a consciência do corpo como meio de comunicação consigo mesmo e com meio. Um bom desenvolvimento do esquema corporal pressupõe uma boa evolução da motricidade, das percepções espaciais, temporais e da afetividade. O conhecimento adequado do corpo engloba o Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só se constrói a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento, Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da localização do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais e do todo o corpo.
Através do corpo a criança poderá fazer manifestação de movimentos corporal das quais ela pode formar uma representação psíquica, através de qualquer sistema de signos e podem ser submetidas ao seu controle e voluntario. Ainda, vale ressaltar que segundo Shina (1991) apud Lopes (2009):
a psicomotrocidade e a expressão corporal baseiam-se nesses princípios, não são matérias para o treinamento físico, nem para criar uma competitividade entre os que a praticam. Muito pelo contrario, a partir da vivência do corpo no espaço e no tempo, desenvolve-se a consciência de si mesmo como ser integro: sensível, material e espiritual, capaz de sentir, expressar e, o mais importante, capaz de compartilhar e comunicar-se com os demais. (SHINA, 1991, P.13). 

E, é nesse contexto que Shina (1991), que se entende a possibilidade de uma inclusão social das crianças desenvolvendo nelas a consciência de si mesmo ser integro, isso se houver uma boa exploração dos professores em relação à psicomotricidade e a expressão corporal. Assim para Lopes a psicomotricidade trata-se de: “capacidade de movimentar-se com intencionalidade, de tal forma que o movimento pressupõe o exercício de múltiplas funções psicológicas – memória, atenção, raciocínio, discriminação, etc.”.
O projeto se propõe trabalhar o corpo seus movimentos e suas diferentes formações estruturais, assim permitindo o trabalho com respeito as etnias e as estruturas física com suas necessidades.

Objetivo Geral:
·        Proporcionar o conhecimento das partes do corpo, nomeando-as e reconhecendo sua importância;
·        Fazer com que a criança identifique as partes que compõe o corpo, tome consciência de si mesma de suas semelhanças, diferenças físicas e étnicas do meio em que vive.
·         Propiciar respeito às diferentes estruturas corporais, étnicas e físicas.

Objetivos Específicos:
·         Desenvolver na criança o processo de inclusão social.
·         Estimular a movimento corporal.
·         Melhorar as suas relações afetivas e pedagógicas.
·         Expressar ações corporais (imitação).

Recursos didáticos:
·         Sulfite
·         Papel Manilha
·         Jogo da memória e quebra-cabeça feitos de papel cartão
·         Lápis cor
·         Cola
·         Tesoura
·         Caixa surpresa
·         Giz de cera
·         Espelho
Em aberto para novas ideias a partir com o contato com a turma.

Avaliação:
A avaliação se dará através da observação contínua das atividades vivenciadas pelas crianças, permitindo também que avaliemos nossa pratica. E após as observações será efetuado registro sobre o desempenho, conquistas, dificuldade, enfim, de todas as ações envolvidas.
Com relação á educação infantil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação aponta para uma avaliação formativa: “... a avaliação far-se-á mediante o acompanhamento registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”. (LDB, Seção II, art. 31.).
No RCNEI, a avaliação é entendida:
... prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagens e ajustar sua pratica ás necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar atividades e criar situações que querem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo. (RCNEI, 1998, p. 59.).

No RCNEI como citado acima a avaliação tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo, não apenas para “medir” a inteligência dos alunos.

Desenvolvimento
1° momento: Conversarei com os alunos sobre as partes que compõe a estrutura do seu rosto tais como olho, nariz, boca, orelha entre outros e também deixá-los perceber as diferenças de cada um e para que servem, fazendo as seguintes perguntas, a boca do coleginha e igual a sua? e o nariz, e os olhos, e assim irão surgindo outras perguntas. Distribuir uma atividade que se chama “Eu sou assim” para as crianças desenharem como eles são, parecido com um porta retrato.
2° momento: distribuirei vários quebra cabeça com imagens de rosto de varias crianças diferentes para eles perceberem as diferenças de cada um, e focar que apesar das diferenças todos devemos ser tratados com respeito e temos os mesmo direitos. Deixar que eles tentem montar sozinho e descobrindo as diferenças, eu irei a orientando e ajudando.
3°momento: ora de falar das outras partes do corpo alem do rosto que e composto por olhos, boca, nariz e orelha, temos também pernas, braços, mão, pé, cabeça. Cantar com eles a música cabeça, ombro joelho e pé, em seguida mostra um painel no qual vão estar imagem de uma boca, mão, pé e perguntar aos alunos que sons essa partes do corpo fazem, assim propor uma brincadeira que eles imitem os sons que são produzidos pela boca, pé e mãos.
4° momento: distribuir vários jogos da memória das partes do corpo e quebra cabeça do corpo para ver se os alunos aprenderam a estrutura correta do nosso esquema corporal. Depois distribuir algumas atividades referente a estrutura corporal.

Referência:

BRASIL, Ministério Ed cul. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. LDB, Seção II, art. 31.